(Foto: Rádio Amaraji FM 98.5 - Amaraji PE)

A categoria dos bancários, em greve por tempo indeterminado há 18 dias, terá uma nova rodada de negociações, hoje, para tentar definir o fim do impasse. Depois de um dia inteiro de espera, o Comando Nacional dos Bancários foi informado, na noite de ontem, pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), que as negociações estavam canceladas. Os bancos não conseguiram entrar num acordo para oferecer uma nova proposta e remarcaram a rodada de negociação para hoje.

Em Pernambuco, a paralisação segue com toda força. Ao todo, 87% dos 12 mil bancários do estado estão parados. A greve atinge 98% dos bancos públicos e 77% dos privados. Para ampliar a pressão, o Sindicato dos Bancários de Pernambuco (Bancários-PE) realizou um grande protesto no centro do Recife, ontem. "Vamos manter a greve com toda força nesta sexta para pressionar os bancos na negociação e garantir uma proposta decente", afirmou a presidenta do sindicato, Suzineide Rodrigues, que representa o estado no Comando Nacional dos Bancários.

Segundo ela, o dia de ontem, em São Paulo, foi bastante tenso. "Inicialmente, as negociações desta quinta deveriam começar às 13h. Os bancos adiaram para o final da tarde e, depois, cancelaram e mudaram a reunião para hoje. Durante todo o dia dissemos para os representantes dos bancos que não vamos aceitar nenhuma proposta de reajuste menor que a inflação. Pelo contrário, queremos aumento real de salários", explicou Suzineide.

Os representantes dos bancos informaram que as margens de negociação estão estreitas, mas que estão tentando costurar uma nova proposta de acordo. "Esperamos que eles tenham entendido o recado dado pelos bancários nesta forte greve e apresente uma proposta decente. Vale destacar que a força do nosso movimento já conseguiu avanços", disse a dirigente.

Na primeira proposta, os bancos queriam dar reajuste de 5,5%, com abono de R$ 2,5 mil. Na segunda oferta, feita na terça-feira passada, apresentaram correção de 7,5% aos salários, sem abono. Na quarta, houve avanço para 8,75%, também sem abono. "Mas é pouco. A inflação do período foi de 9,88%, ou seja, pela última proposta, teríamos perda de 1,03% em nosso poder de compra", ressaltou Suzineide.

A presidenta do sindicato lembrou que a categoria quer manter a política de aumento real que permeou em todas as campanhas desde 2004. "Na última década, garantimos 20,07% de aumento acima da inflação. No ano passado, foram 2,02% de aumento real. Os bancos têm todas as condições de atender esta reivindicação, já que não tomaram conhecimento da crise. Pelo contrário, seguem ampliando seus lucros, como nenhum outro setor da economia brasileira", pontuou.

Só os cinco maiores bancos que operam no Brasil (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander) alcançaram, juntos, um lucro de R$ 36,3 bilhões apenas no primeiro semestre deste ano, um crescimento de 27,3% em relação ao mesmo período do ano passado.

As negociações específicas com os bancos públicos devem ser retomadas assim que as discussões com a Fenaban forem encerradas. As diretorias do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal informaram ao Comando Nacional dos Bancários que podem negociar ainda hoje, caso os debates com a Fenaban avancem. Os sindicatos também cobram a retomada das negociações com o Banco do Nordeste.